sábado, 28 de abril de 2012

CHEGAR BEM LÁ...E PODEMOS CHEGAR ...








O progresso material e social que acompanha a humanidade há séculos – o aumento da renda e da escolaridade, o saneamento básico, o sucesso no combate às doenças infantis e infectocontagiosas, a melhoria no padrão nutricional e, obviamente, os avanços da medicina - vem alterando a estrutura etária das sociedades. Nos próximos 40 anos, os idosos (maiores de 60 anos)no Brasil passarão dos atuais 20 milhões (10% da população), para 64 milhões ou 29%.

 O avanço na idade traz efeitos sobre corpo e mente que não podem ser ignorados.Vasta evidência mostra que, com a idade, chegam as doenças crônicas – neoplasias, problemas circulatórios e respiratórios, diabetes, hipertensão, entre outras – que se tornam responsáveis pela maioria das mortes (prematuras) no mundo contemporâneo e por grande parte das despesas com saúde. Só não são as principais causas de morte nos países onde ainda predominam as doenças infecciosas. Na idade avançada, estaremos mais sujeitos a essas doenças.

Não obstante, é nosso desejo ficarmos idosos. “Queremos chegar lá”, aos 70, 80, ou até mais de cem anos de idade. Mas, sobretudo,queremos “chegar lá bem”. E isso está ao nosso alcance.Depende das nossas atitudes. De fato, importantes estudos identificam como principais fatores responsáveis pelo estado de saúdeo nosso próprio comportamento (que explica metade de nosso estado de saúde), omeio ambiente (20%), a genética (20%) e o acesso aos serviços e à tecnologia médica (10%). Esses estudos nos alertam que não é a tecnologia médicaque nos faz saudáveis, mas o nosso comportamento. Por certo, a tecnologia é essencial para diagnóstico e terapia quando ficamos doentes.

Os fatores comportamentais são essencialmente os hábitos de vida, como a prática de exercícios físicos, a alimentação adequada, a restrição ao uso de drogas (fumo e álcool, para não mencionar as pesadas). No passado, a revolução verde e o barateamento dos transportes permitiram a diversificação das dietas para grande benefício da nutrição de muita gente, e isso reduziu a mortalidade e promoveu aumentos da longevidade. Hoje, estão em curso transições em sentido oposto:a alimentação calórica e gordurosa do fast-food; a inatividade física; o transporte motorizado e o trabalho mecanizado; o lazer sedentário e contemplativo de telas eletrônicas. A consequência é o crescimento do sobrepeso e da obesidade, madrasta de diversas enfermidades crônicas.

Tão severa é essa tendência que o Fórum Econômico Mundial (FEM) declarou osurto das doenças crônicas como a nova e grande ameaça mundial. É preciso reverter essa tendência, voltarmos às atividades físicas, alimentação balanceada e funcional, moderação com bebidas alcoólicas, banimento do tabaco e drogas. Isso está ao nosso alcance e sua adoção nos “levará lá” em bom estado de saúde.

A advertência do FEM não deve ser ignorada. A mudança etária da sociedade trará consigo maior incidência das doenças crônicas. Mas, nem por isso, devemos nos desanimar frente às estatísticas, por duas razões. Primeiro, porque se é inexorável que com a idade venham mais problemas de saúde, também é verdade que as pessoas chegam hoje a idades mais avançadas em melhores condições de saúde do que no passado e assim deverá continuar. A segunda razão decorre do fato de as doenças crônicas serem evitáveis ou postergáveis ou terem sua gravidade reduzida. Também depende de nós.

Para nosso futuro, com certo otimismo,podemos imaginar uma sociedade com maior proporção de idosos, mas não necessariamente de velhos,se por velho entendermos a pessoa que perdeu sua capacidade para as atividades mais simples do dia a dia como sair da cama, amarrar o cadarço do sapato, banhar-se ou alimentar-se. Velho é palavra de conotação pejorativa. Foi usada para agredir Ulisses Guimarães no momento em que promulgava a Constituição de 1988. Espirituoso, retrucou dizendo “velho sim, velhaco não”. Parafraseando-o podemos dizer que as sociedades terão maior proporção de idosos, mas não necessariamente de velhos.

Precisamos nos conscientizar que os maiores beneficiários da prática de hábitos saudáveis seremos nós mesmos, nossos corpos e mentes, que viverão vidas mais longas, com menor sujeição a doenças, menor sofrimento, preservando em todos e por mais tempo a jovialidade e a disposição.Pesquisa desenvolvida durante onze anos, pelo Departamento de Saúde Publica e Atenção Primária da Universidade de Cambridge, na Inglaterra, com 22.244 pessoas entre 45-79 anos de idade, agrupadas de acordo com a adoção de um ou mais dentre quatro hábitos de vida (abstenção de tabaco, prática de atividade física, ingestão moderada de álcool e ingestão de pelo menos cinco porções diárias de frutas e verduras) mostrou que as pessoas não aderentes a nenhum desses hábitos tiveram risco de morte três vezes maior do que quem praticava todos. Essa diferença equivale a 14 anos de expectativa de sobrevida. Não é fantástico?

A adoção de hábitos saudáveis pode precisar de mudanças de comportamento, o que exige convicção e persistência. Que o digam aqueles que desejam sinceramente abandonar vícios (cigarro, bebida, drogas) ou iniciar a prática regular de exercícios físicos. Mudar hábitos pode ser difícil, mas não impossível. A primeira coisa a fazer é abandonar a esperança em soluções milagrosas, que dispensem esforços individuais – a pílula emagrecedora, a lipoaspiração escultora, a trepidação da poltrona para enrijecer os glúteos. Para reafirmar a possibilidade de mudança, lembro que não nascemos com paladar formado nem com hábitos predestinados. Ambos podem e devem ser moldados, de preferência desde a infância, sabendo que nunca é tarde demais para começar.

Queremos chegar lá e podemos chegar lá bem. Precisamos mudar nossas atitudes e hábitos. Nossos corpos e mentes ficarão gratos pelas nossas escolhas - sofreremos menos e poderemos desfrutar de nosso maior tempo de vida.É por essas razões que é fundamental o envolvimento de toda a sociedade e do Governo na promoção de hábitos saudáveis de vida. A FenaSaúde, entidade que representa quinze dos maiores grupos de operadoras de planos e seguros de saúde, apoia decididamente a Campanha Saúde é viver bem.

José Cechin
Diretor-executivo da FenaSaúde









CONCEITO DE SAÚDE :

"É o estado de completo bem estar físico, mental e social, e não simplesmente a ausência da doença ou enfermidade".






















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